sábado, 8 de outubro de 2016

Campanha de RPG: Expedição a Ilha Kroa. Capítulo 6: A entrada para o Quadrilátero da Névoa!



PROLOGO: Conversa de Estalagem
CAPÍTULO 1: Heróis Improváveis.
CAPÍTULO 2: Capitão Harub!
CAPÍTULO 3: A partida do Porto!
CAPÍTULO 4: Luta ou dança?
CAPÍTULO 5: O ataque dos Kobolds!

CAPÍTULO 6: A entrada para o Quadrilátero da Névoa!

O Capitão Harub se aproxima do mastro danificado. Ao cruzar o deck,  os marujos se afastam respeitosamente. Ele toca no mastro como se tocasse um companheiro gravemente ferido:
-Velho amigo,  não teremos mais como voltar,  não é? Essa é mesmo uma despedida. -seu rosto muda de feição,  agora muito agressivo, Harub grita:

-RECOLHER VELA PRINCIPAL E ABATER O MASTRO! JOGUEM - NO NA ÁGUA E PREPAREM-PARA ENTRAR NO QUADRILÁTERO! SIM SENHORES, O ENTERRO DO AVANTE SERÁ LÁ! 

-E enquanto a vocês,  os espero em minha cabine daqui a pouco. - e Harub se  retira.

Cada herói foi ajudar no que pode: Karim subiu no mastro que pendia inclinado e retirou as velas. Smash e Renk ajudaram a tombar e derrubar a maior parte do mastro no mar, que ficou para trás com um funesto marco da batalha. Luna começou a curar e animar os feridos, que pareciam mais preocupados com a saúde do Avante do que a deles mesmos. Eram marujos acostumados com a lida no mar, mas a imagem do mastro principal de uma embarcação jogado a deriva mexe com a vontade de qualquer um.

As palavras do Capitão Harub soavam nas mentes dos heróis: Seria suicídio entrar no tal Quadrilátero nessas condições? Teriam alguma chance de chegar a ilha Kroa e buscar o balsamo para a maldição de Tamis?

-O capitão irá vê-los agora - Um marujo anuncia. Todos os heróis se encaminham a cabine do capitão.

A cabine era bem aparamentada. Cheia de mapas dos mais variados locais, um grande globo, quase incompleto, indicando o quanto do Mundo era inexplorado e pleno de aventuras; em uma mesa ao fundo estava o capitão com os olhos fixos nos heróis. Assim que a porta fechou, o capitão levanta e despeja sobre os heróis:

-POIS MUITO BEM! KOBOLDS! FOMOS QUASE MORTOS POR MALDITOS KOBOLDS! QUE DROGA DE SEGURANÇA FOI AQUELA!?! Vocês ficaram saltando de um lado para o outro enquanto um bando de Kobolds conjurados nos atacavam! Não repararam a amurada mágica? Estava Azulada! Isso indica que os bichos malditos ESTAVAM CONTROLADOS!!!

Fazia sentido. O elfo do mar poderia ter lançado uma magia de controle de monstros sobre os Kobolds. Apesar de maus, Kobolds não são caóticos, por isso Renk não sentia suas intenções, se ficassem atentos, poderiam ter percebido. Renk e Smash se amarguram em silencio a falta de tato. Como homens de armas, deveriam ter percebido! Capitão Harub volta a carga:

-Agora Edgard deve nos alcançar. Na ENTRADA do Quadrilátero. Ele é bem mais perigoso que esses Kobolds. Seremos abordados e, se não formos mais combativos, morreremos. Não sei quanto a vocês, mas esse não é o meu desejo. Os canhões do Avante vão rugir sobre Edgard,  e ele terá de mim e meus homens uma batalha inesquecível. Não pretendo morrer aqui.Tenho assuntos no Quadrilátero e vocês também. Preparem-se! Armem-se! Defendam o Avante porque ele é o seu chão agora, seu solo firme, seu mundo! Já falharam com ele uma vez e ele sobre com isso! Não traiam o chão que vocês pisam!

Os heróis saem da cabine cabisbaixos. Entendem agora a importância do velho barco ao velho capitão. É como se fosse um amigo, um irmão de armas.

Smash toma a inciativa e se coloca para trabalhar:

-Bem pessoal,  vou checar o barco, ver se existe algum lugar se os inimigos podem entrar, checar a possível área q teremos para batalhar, verificar possíveis locais para atacarmos a distância é coisas do tipo! – O meio-elfo transita pelo Avante de modo atento.
Tirando a amurada, os inimigos poderiam pular do mastro do navio deles para os mastros restantes do Avante. Se os inimigos forem ousados, virão por uma lateral e por cima

Os canhões estão em perfeito estado. Os marujos se gabam que poderão dar ao Toninha de Edgard uma salva dolorosa antes de qualquer  combate corpo a corpo.

Smash começa a tirar pregos das tabuas do convés superior para que fiquem frouxas e prendam os pés dos inimigos na entrada. Também ajustou os cordames do mastro, onde algum sujeito mais ousado poderia tentar alcançar. Nesse caso, seria preciso subir rápido, pelas cordas. Algumas roldanas e um contrapeso resolvem rápido o problema.

Luna tenta trabalhar a auto estima da tripulação, com apoio aos marujos. Faz primeiros socorros. Eles recusam suas magias de cura.

- Guarde-as para o combate que virá, moça. Edgard é um pirata terrível! – disse um imediato.

- O que ele tem a ver com o Capitão Harub? Ele não parece o tipo que se envolve com pirataria. – Luna indaga.

- E não se envolve mesmo! Não conhecemos homem mais honrado! – responde de pronto o homem-do-mar. – O problema entre os dois é mais profundo que esse mar onde navegamos, eu lhe garanto! Não o questione nesse momento, por favor.

Luna olha para Harub, que guia seu barco com cuidado. Queria ajuda-lo, mas aparentemente a ferida que afligia o Capitão naquele momento não era física.

Karim se debruça na amurada e enta sentir energia aos arredores. Pelo menos nada de elfos do mar nas redondezas...

Súbito, ela sente algo a frente. Algo grande. Ela fecha os olhos e se concentra, expandindo seus sentidos para além do corpo físico e sente o Reiatsu, a energia espiritual. Quilômetros a frente,  uma massa de Reiatsu parecia se delinear. Por um instante, até pensou se tratar de um Hollow, uma criatura de seu Plano nativo. Mas era na verdade uma massa de almas, muitas delas, só que muito juntas, tentando se manter na superfície da água!

- T-tantos mortos... o que aconteceu aqui?? – Indaga impressionada.

- Ora, você consegue vê-los? – Indagou o Capitão Harub, que surge ao seu lado – Vê os mortos da entrada do Quadrilátero? Se mais pessoas fossem como você, menos marujos teríamos...

É impressionante. Os espiritos faziam movimentos de quando estavam vivos. Mexiam em partes de navios inexistentes, nadavam, choravam e se desesperavam. Seria necessário um exercito de shinigamis e anos de trabalho para levar todas aquelas almas para o descanso eterno!
Renk surge no deck principal, agora com armadura completa. Em seu olhar, uma ferocidade que os demais heróis não conheciam ainda. Estava pronto para a desforra, ansiava pelo combate. Porém não era precipitado. Ser um guerreiro não quer dizer se jogar as cegas na luta, mas ser vitorioso em combate, a todo custo. Era hora de usar tudo que aprendera para guiar a próxima batalha e, principalmente, pegar a cabeça de um certo elfo-do-mar.

O meio-elfo caminha pelo convés olhando as armadilhas improvisadas pelos companheiros.
- Uma pena não estarmos em terra firme. Poderíamos montar um fosso de estacas... ou barreiras de óleo. Mas o mastro partido me deu uma ideia... – Utilizando a mão de obra dos marujos, roldanas e cordas suspendem um pedaço do mastro que foi deixado para servir de matéria prima para reparos. 
Afunilando a ponta com uma machadinha improvisada criaram uma enorme lança que balançava da proa para a popa, um ariete. Assim que a nau de Edgard entrasse no alcance, a grande lança perfuraria casco, velas e tudo mais que achasse no caminho. Desabilitar o transporte inimigo seria o primeiro passo.

- Cara, senti firmeza agora! – Smash aparece sem camisa, suado, batendo nos ombros do colega – Isso vai dar um susto caprichado no tal Edgard!

- Espero que sim. Vai chamar muita atenção por estar no meio do barco, então vamos colocar a vela do antigo mastro principal sobre ela... – Renk para a explicação didática quando percebe a expressão brincalhona de Smash.

- Que cara é essa?? – Renk reclama, mal-humorado.

-Você tá me lembrando quando estávamos no treinamento do templo da Guerra! – Todo estratégico no começo, mas na hora da batalha... – Smash aponta para a espada do amigo – Você cai na briga sem pensar muito!

-Porque na maioria das vezes podíamos contar com a assistência de guerreiros mais experientes! Desta vez, NÓS somos os mais preparados! Precisaremos, além de planejar cuidadosamente...

-Estar na linha de frente? – Completa Smash, em tom jocoso – Até aí, nenhuma diferença!

Os dois guerreiros riem. As lembranças da dureza do treinamento são repletas de momentos de companheirismo e lealdade a seus princípios guerreiros.

***

Os preparativos para a batalha estavam prontos. A lança improvisada estava camuflada de mastro quebrado. Os alçapões no convés. Os marujos armados e prontos. Só faltava mesmo o adversário.

O Sol estava prestes a se por quando o Avante chega na entrada do Quadrilátero da Névoa.

Uma parede de nuvens cobria toda a linha do horizonte. É como se uma muralha cinzenta delimitasse o fim do mundo. Além daquelas brumas, estava o objetivo dos heróis. A medida que se aproximam, o barco acelera, como se puxado por uma forte correnteza. O vento começa a empurrar o Avante com mais força, como se um poder sobrenatural sugasse tudo ao seu redor em direção aquela região misteriosa

-Caramba! – Smash olha sobre a amurada – Isso é normal??

-NORMAL EU NÃO SEI! MAS SEMPRE É ASSIM NA ENTRADA!!! – Capitão Harub grita enquanto tenta manobrar o Avante em uma linha reta.

Eis que surge logo atrás do Avante outra embarcação. Renk sente a intenção assassina no barco inimigo. Adversários poderosos se encontravam ali.

- EMBARCAÇÃO VINDO PELA POPA! É O TONINHA! – A voz de Harub torna-se trovejante, imponente – POSIÇÕES DE BATALHA!! VOU COLOCAR O MALDITO  NO NOSSO ESTIBORDO!– Os marujos reagem imediatamente, se alinhando aos canhões e junto com os heróis.

Luna fica ao lado do Capitão. Daquele ponto, poderia entoar seus cânticos de cura e ter uma visão estratégica do combate, servindo de suporte para todos, minimizando os danos.

Smash e vários marujos se encolhem atrás da murada a estibordo. Um ataque surpresa daquele ponto seria algo devastador para o inimigo.

-Vamos lá, Capicão! Coloca os bandidos na nossa mira! – Pensa Smash esperançoso.

Renk se aproxima dos marujos que ficaram encarregados da lança.

- VOCÊS TRÊS! – Renk aponta para os homens do mar –CUIDEM DISSO COMO SE SUAS VIDAS DEPENDESSEM DESSA LANÇA! E DEPENDEM MESMO!

O meio-elfo caminha resoluto para o centro do convés com um grupo de marujos.

-Renk-san, irei com o senhor na linha de frente. – Karim surge ao seu lado após um salto ágil.

-Não quero conhecer o seu mundo tão cedo, shinigami. Nos empreste sua força!

- HAI! – A shinigami saca sua katana e fixa seu olhar no mar, determinada.

Capitão Harub grita mais uma vez.

-Estamos quase no alcance dos canhões do Toninha! Temos que manter o Avante no curso A TODO CUSTO,  ENTENDERAM?

Todos gritam e agitam suas armas. A batalha é eminente.

É o momento de pagar pelo fracasso anterior.


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