PROLOGO: Conversa de Estalagem
CAPÍTULO 1: Heróis Improváveis.
CAPÍTULO 2: Capitão Harub!
CAPÍTULO 3: A partida do Porto!
CAPÍTULO 4: Luta ou dança?
CAPÍTULO 5: O ataque dos Kobolds!
CAPÍTULO 6: A entrada para o Quadrilátero da Névoa!
CAPÍTULO 7: Duelo em alto-mar! Harub vs Edgard!
Espólios
Os heróis estavam reunidos com Capitão Harub em seus
aposentos. Sobre a mesa, mapas, instrumentos de navegação e os principais
espólios do combate anterior contra o Toninha.
-Essa lança é irada! – Smash se entusiasma com a arma
adquirida. Era feita de uma madeira negra, com a ponteira de coral rosáceo.
Inscrições mostrando tempestades e relâmpagos ornamentavam a arma.
-O sujeito me atingiu com uma descarga elétrica. Talvez
tenha vindo da lança. –Renk pondera enquanto levanta a arma. Não sentia nenhum
Ego, a força de vontade oculta nas armas, como Nalyneil. – Deve ser daquelas armas que tem um número
limitado de usos.
-Este aqui também é assim? – Luna levanta o colar de conchas
marinhas. A madrepérola reluzia em tons arco-iris.
-Não... talvez não... – Capitão Harub pega o estranho
objeto. Já ouvi falar que os colares dos elfos-do-mar são cheios de truques para
ludibriar o povo da superfície.
-Também ficamos com várias pistolas. Pena que algumas
quebraram quando contra-atacamos – Karim comenta orgulhosa. Evitou muitos
problemas ao derrotar os atiradores.
-Faremos usos delas e dos prisioneiros. Graças ao Senhor
Smash temos vários cortadores de garganta amarrados nos porões do Avante.
Pretendo fazer um contrato com eles assim que amanhecer. – Harub emenda em tom
sombrio. – Eles devem escolher entre servir no Avante ou andar na prancha.
-O senhor não vai fazer isso não! – Luna bate a mão na mesa
– Eles tem todo o direito de viver, apesar dos seu erros! Eu mesma vou
convence-los a aceitar seus termos, Capitão!
A sacerdotisa sai da cabine pisando duro, enfezada.
-Pronto, agora tenho certeza que não precisarei usar a
prancha. Afinal, estamos com pouca madeira disponível mesmo... – Harub comenta
em tom jocoso, abanando o rabo.
-Grande Capicão! Jogou um verde na Luna e ela caiu
direitinho! – Smash dá tapinhas camaradas no ombro do canita – Ela vai ficar
brava de verdade se souber!
-Por isso, ninguém vai contar, Senhor Smash! É uma parte do
pagamento pelos danos ao Avante. – O Capitão sorri enquanto ajeita os mapas que
a sacerdotisa bagunçou com a pancada na mesa.
-Falando em danos – Renk corta a conversa descontraída – quais
são os danos totais? Navegamos com segurança até a ilha Kroa?
-Provavelmente sim. Não está muito longe, só não é muito
frequentada por navegadores devido a falta de bons pontos para ancoragem de
grandes barcos. Mas sei de uma enseada adequada para um barco do tamanho do
Avante. Vamos conseguir. – Harub toca no ombro de Renk.
-Vocês mostraram que são capazes de proteger uma embarcação,
meu rapaz. Fiquem com os espólios que quiser....
-A LANÇA É MINHA! – Smash pega a arma velozmente.
-Então ficarei com o colar. Afinal, é um espólio de combate.
– Renk coloca a peça por baixo da camisa.
-Eu não desejo bens materiais. Mas aprecio a honra de
Renk-san em ficar com parte do inimigo abatido. – Karim tira de dentro do
quimono um colar com cordame rustico, que prendia um pedaço de chifre – Também
tenho meus grandes abates. Boa noite a todos. - A Shinigami sai tranquilamente do recinto.
-Aquilo era um chifre de minotauro, não era? – Harub
pergunta enquanto se senta na confortável poltrona de sua cabine e acende um
cachimbo.
-Sim... Karim é frágil apenas na aparência. Seria uma
insensatez subestimar suas habilidades. – Renk sorri irônico – Pode-se perder
bem mais que um pedaço do corpo em uma luta franca contra um Shinigami.
-Entendo. – Harub dá baforadas e se espreguiça – Acho que
todos nós devemos nos recolher. Amanhã
teremos muito trabalho para manter o Avante flutuando e no curso. Boa noite,
senhores!
***
Os dias se passam. O clima dentro do Quadrilátero é
agradável. O vento trazia não apenas frescor,
mas também novas esperanças. Nenhum avistamento de inimigos. Ao que
parecia, Edgard ficara para traz finalmente. As correntes marítimas eram
mansas, facilitando a navegação mesmo com poucas velas.
O barco estava em péssimo estado. Mastros danificados e
castelo de popa semidestruído. Os reparos foram feitos com o material do próprio
avante. Apesar de avistarem várias ilhas, Capitão Harub manteve a rota:
-“A maioria das ilhas não está mapeada. Não sabemos se
encontraríamos material adequado. Além do mais, o cheio de terra firme deixa os
marujos menos propensos ao trabalho” – Harub se tornou mais sisudo nos dias
após a batalha. Suas ordens eram mais diretas. Porém, os marujos parecem
acostumados com a índole de seu capitão e seguem as ordens como podem.
Os mantimentos eram retirados do rico mar a sua volta. As águas
quentes permitam que os marujos pegarem toda a sorte de peixes para a
alimentação de todos. A água fresca era retirada das chuvas que quase todo
o fim de tarde irrompiam.
Os heróis se dedicaram a várias atividades. Luna conseguiu
evitar que várias vidas fossem perdidas entre os feridos. Luna fez vários
discursos inflamados para “persuadir” o Capitão Harub a não mandar os
prisioneiros do Toninha andarem na prancha. Esses foram convencidos a trabalhar
por sua sobrevivência ou serem deixados em alguma ilha. Renk e Smash
“conversaram” com vários desses bucaneiros longe das vistas de Luna, mas não
conseguiram muitas informações sobre a obsessão de Edgard pela morte do Capitão
do Avante.
Os dois meio-elfos ajudavam na reconstrução do Avante e
treinavam. Sob o deck principal disputavam duelos entre si e com os marujos,
assim entendendo melhor os maneirismos e
estilo de luta de cada um.
Karim ficava à parte, em pé sob o Ninho de corvos,
vigilante. Algo a incomodava muito. Desde que entraram no Quadrilátero as almas
simplesmente sumiram. Expandia ao máximo seus sentidos e não encontrava
nenhuma. Em outros mundos isso só significava uma coisa:
-Hollows... – As criaturas que se alimentam das almas
vagantes. Quando não se vê almas em determinada frequência é sinal que estão em
um território dessas temíveis criaturas. E a shinigami não via almas a dias.
- Conduziremos eles ao Hueco Mundo, Sakura... – A sua
confiança aumentava quando conversava com sua Shikai, sua espada. Ambas sabiam
que essa missão seria de suma importância para sua evolução espiritural.
Os pensamenos de Karim são interrompidos quando percebe uma
ilha maior que as demais. Capitão Harub descreveu o tamanho e forma ilha Kroa.
Era ela com toda a certeza!
-“T-T-TERRA A VISTA!” – Karim grita meio sem jeito, o que
faz os marujos rirem e comemorarem.
-“Muito bem Senhorita! Seus olhos não veem apenas fantasmas!
– Capitão Harub se vira para o deck principal – ATENÇÃO MARUJADA! PREPAREM PARA DESEMBARCAR!
***
A medida que se aproximam, percebem as suas dimensões. Era
imensa, com uma floresta tropical cercando uma montanha que se projetava no
centro da ilha. O Avante cruza uma área de corais por uma estreita passagem, os
levando a uma calma baia. Peixes coloridos e tartarugas gigantes passam ao
largo. Gaivotas gazeteiras fazem rasantes sobre o barco, curiosas.
Luna sente a potente presença da Deusa da Natureza, que tinha
grande papel na conservação da vida, provendo a todos através da interação dos
seres, como a decomposição e a cadeia alimentar. Estava tudo ali transbordando
de força vital. Ao olhar para as próprias mãos, a samaritana sentia o pulsar de
suas forças vitais!
-Aqui é um lugar de poder. Meus poderes serão mais
eficientes! – Pensou animada.
-LANÇAR ANCORA E DESEMBARCAR VANGUARDA! – Os marujos começam
a preparar os botes.
Os heróis, com suas roupas de batalha, se reúnem no deck de
comando, próximos a Harub.
-Antes de buscar o balsamo, precisamos criar uma posição
segura na praia. Precisaremos de mantimentos e material de construção para o
Avante. Da última vez que estive aqui, avistei alguns elfos da floresta na
porção Oeste da ilha, pareciam nativos. Existem rios de água doce e árvores
frutíferas conhecidas na porção Leste. Cuidado com os animais da ilha, são
enormes! Vocês estão encarregados dessas
tarefas! Devemos nos ajudar se quisermos permanecer vivos e voltar para a casa!
Agora vamos!
Ao descerem o bote, Capitão Harub toca no casco do Avante:
-Já curamos você. Prometo!
A sensação de pisar em terra firme é reconfortante, a praia de areia branca e o sol compõem com a floresta a sua frente uma paisagem mágica. Se não fosse a urgência e o perigo da situação, aproveitariam o dia. Mas era o momento de agir!