quarta-feira, 11 de março de 2015

Contos (2)

Mais um Conto escrito em um momento de inspiração com meus estudantes! Fico muito feliz com o esforço deles em construir estórias interessantes com os temas abordados nas aulas!


CAÇA AO COELHO


Era o décimo dia de James na trincheira. Todas as ilusões sobre uma batalha gloriosa contra os Alemães se perderam no momento que seus amigos foram dilacerados pelas metralhadoras. Malditas metralhadoras! Tiraram dos soldados muito mais que suas vidas. Tiravam dos soldados sobreviventes a força e a coragem. Ninguém se arrisca perante uma arma que faz chover morte sobre o campo de batalha.

Mas James tinha sua própria solução para o problema.

Seu Fuzil MAS 36 . Desde sua juventude, James era capaz de acertar um coelho a mais de 20 metros com uma simples carabina. Seu pai se gabava da mira do rapaz, dizia que ele seria um excelente soldado, um patriota.

Seu pai estava certo. James, agora um homem feito, era um excelente atirador, um excelente soldado. 

Agora, tinha um rifle moderno, não uma carabina. Agora, seus alvos eram bem mais distantes e mortais que meros coelhos indefesos. Ele era um matador de metralhadoras.
James escala a trincheira. A neve caia suavemente. A neblina seria um problema para as metralhadoras alemãs. Ele salta o arame farpado e entra no território neutro. A devastada terra de ninguém.

Ajoelhado do lado de uma arvore queimada, ele engatilha a arma com cuidado. A trincheira alemã está a apenas 50 metros. Era possível ver as pontas das metralhadoras. As armas que ceifaram seus amigos:

- Hoje eu elimino mais uma gospe-balas miserável! - James rosna com ódio, para sí mesmo. Para lhe trazer coragem.

Ele percebe um movimento. Alguém deve ter se sentado no lado a metralhadora, para manutenção. Era apenas uma pontinha do capacete. Era o momento ideal.
James mira logo a cima do alvo. Um tiro reto jamais acertaria. Ele puxa o gatilho. A parábola da bala foi precisa e mortal. O soldado inimigo nem soube o que o atingiu.

Mas não era o suficiente:

- Agora você, maldita!

Outro disparo. Agora um tiro reto, na metralhadora. James sorri de modo sombrio ao perceber que acertara um tanque de propelente, fazendo a metralhadora pegar fogo. Menos uma. Missão cumprida.

- Fácil como abater um coelho!Isso sim é uma guerra! Homem-a-homem! As gospe-balas não vão me pegar, sou mais esperto que elas!- pensou feliz, ao retornar a trincheira 

Ao retornar, percebe algo estranho, um silêncio estranho, um silêncio mortal. James salta e percorre horrorizado os corredores da trincheira. Todos abatidos! Todos crivados de balas! Como as metralhadoras alemãs chegaram alí?

Foi quando sentiu uma trepidação. Um urro de motor rompe o silêncio. Um colosso de metal. Esteiras levantando barro e corpos. O monstro metálico entra na trincheira. Nas suas laterais. Metralhadoras.

Metralhadoras!

- Malditas metralhadoras. Pensa James, enfim.

O tanque de guerra atira. Faz seu trabalho. Para os operadores da máquina, derrotar os soldados era fácil.

Fácil como abater um coelho.

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